História e Património

A Póvoa de Varzim tem raízes piscatórias, campestres, burguesas e multiculturais.
 
Os primeiros assentamentos remontam aos anos 800 a 900 a.C., enquanto casa de povos castrejos, que adensaram o Noroeste de Portugal e a Galiza, durante séculos, e vieram a ser derrotados pelos romanos por volta do ano 19 a.C. A Cividade de Terroso é o testemunho da cultura castreja e posterior ocupação romana. Encontra-se classificada como Imóvel de Interesse Público pelo Estado Português desde 1961.
Constituída como vila há 711 anos, em 1514, muito antes disto a Póvoa de Varzim era lugar de passagem e de trocas, via rota do comércio marítimo e pelo Caminho de Santiago. O testemunho da Igreja São Pedro de Rates, fundada entre os séculos XII e XIII pelos monges de Cluny, prova a importância e a riqueza daquele sítio plano, fértil e incrustado à beira-mar.
Em 1308, o rei Dom Dinis outorgou a Carta de Foral, que levou à formação de uma póvoa piscatória, atribuída a 54 casais. No entanto, logo depois, em 1312, o rei acabou por doar a Póvoa ao seu filho bastardo, Afonso Sanches de Albuquerque. Este, por sua vez, integrou-a no património do Mosteiro de Santa Clara de Vila do Conde, ficando sob o domínio do senhorio eclesiástico por duzentos anos. Somente em 1514, o então rei D. Manuel concedeu novo foral à vila. A Póvoa, então, assume a feição de burgo, com Casa do Concelho, Praça Pública e Pelourinho com os seus não mais de 500 habitantes.

Na época dos descobrimentos portugueses, ultrapassadas as disputas feudais pelo o seu território fértil e atividade pesqueira, contribuiu com sua mão-de-obra qualificada para a navegação e construção naval. A vila não parava de crescer e, no século seguinte, a Póvoa de Varzim transformou-se na maior praça do pescado do Norte do País.

A intensificação do comércio, a circulação de mercadorias nas regiões do interior do país e o aumento da arrecadação tributária significaram um verdadeiro período de prosperidade económica no século XVIII. Refletindo-se, portanto, na transformação da estrutura da cidade, na instalação de equipamentos e infraestrutura pública, como o Aqueduto das águas livres, e na construção de importantes monumentos.

No século XIX, o seu vigor urbano e as suas ligações rápidas com o Porto (ligação ferroviária estabelecida em 1875) e com Vila do Conde (linha americana estabelecida em 1874) fizeram com que a Póvoa de Varzim fosse reconhecida como uma das principais estâncias balneares. Dois mundos conviviam ali: os fidalgos, figuras da política, artistas e “brasileiros-de-torna viagem” (portugueses emigrados no Brasil) e a gente poveira, pescadores e agricultores. A vocação balneária criou uma atmosfera propícia para a vida social, com saraus e tertúlias, prática do jogo – fixado no monumental Casino – resultando numa intensa produção artística, musical e literária. Escritores notáveis, como Eça de Queirós traduzido em cerca de 20 línguas, estão entre os reputados filhos da Póvoa. 
 
No século XX, a atividade piscatória impulsionou a indústria conserveira, atualmente quase extinta. A cidade, que mantém a pesca como uma das matrizes económicas, diversificou a economia favorecendo a instalação de indústrias têxtil, de cordoaria, de cablagem (condutores elétricos de alumínio) e de laticínios.  

A vocação para a cultura e o lazer mantém-se: a Póvoa de Varzim fixou-se como ponto capital da região turística da “Costa Verde”; a praia de banhos é agora equipada com estruturas modernas e atraentes; a prática do jogo, regulamentado e oficial, continua a ser o foco do Casino, que é também palco de animada, constante, complexa e multiforme criação artística. Por fim, o ambiente literário, cultivado no tempo pela presença de vultos maiores da literatura nacional, como Eça de Queirós, alimenta a produção criativa atual e a afirmação da Póvoa como cidade cultural e criativa. Prova disso é o Festival Literário Correntes d’Escritas, o mais relevante do país, que reúne há 20 anos o setor literário de expressão ibérica, oriundo de Portugal, Espanha, África e América do Sul.
 
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