Interdisciplinaridade

Literatura & Música

De todos os campos da Rede de Cidades Criativas da Unesco, a música é a segunda maior aposta da Póvoa de Varzim a nível de programação cultural, oferta formativa e promoção.

Esse esforço de integração da música na vida cultural da cidade e da população poveira deve-se, em parte, à influência do reputado Festival Internacional de Música da Póvoa. O festival realiza-se há 40 anos e o seu principal foco é a música clássica, com destaque para os períodos renascentista e barroco. Todos os anos, no mês de julho, a música preenche a cidade, por meio da extensa programação do festival, que se desdobra em concertos, debates com profissionais do setor, concursos, tendo alcançado entre 2014 e 2018, cerca de 22.000 pessoas.

Ao longo do ano, a programação musical é assegurada por meio de diversificadas iniciativas promovidas pela Escola de Música da Póvoa de Varzim (workshops e oficinas), pelo Quarteto Verazin (concertos) e pelo Concurso Internacional de Composição da Póvoa de Varzim.

A relação com a literatura constitui um potencial identificado, mesmo tendo em conta a predominância da vertente instrumental do ensino da música. Quando se evoca o cancioneiro popular, que retratava episódios da vida do mar, o ensino do canto, a ópera com peças inspiradas em clássicos da literatura, percebe-se a relevância que o setor literário pode ter no campo musical.
 

Literatura & Cinema

A literatura e o Cinema são duas áreas que se relacionam amplamente. E o Festival Literário Correntes d´Escritas, abre espaço para a sétima arte desde sua primeira edição, com o apoio da curadoria do Cineclube Octopus. Este, há mais de 35 anos, oferece regularmente uma diversidade de títulos à população da Póvoa. O Cineclube, responsável pela programação de cinema europeu e português do Cine-Teatro às quintas-feiras, é também espaço para estudos do cinema. Entre 2016 e 2018, contabilizou 30.000 espetadores. 

A programação regular de cinema na cidade é assegurada, sobretudo, graças à recente adaptação para cinema do Cine-Teatro Garrett, em 2014, constituindo-se como mais uma oferta deste equipamento, para além do teatro, da música e da dança.

A Póvoa de Varzim contribui para o fomento à experimentação cinematográfica entre os jovens, destacando-se a iniciativa articulada com o Clube de Cinema 8 e Meio, da Escola Secundária Eça de Queirós, que promove o principal incentivo dedicado ao cinema jovem em Portugal. Voltado para estudantes de todas as escolas secundárias de território português, o Prémio caminha para a sua 13ª edição. A Câmara Municipal da Póvoa, além da promoção, responde pelo financiamento dos primeiro e segundo prémios, num valor global de 1000€. 

Por outro lado, as características e a história da cidade com forte relação com o mar, por si só, têm motivado a produção cinematográfica. “Alá-Arriba” – longa-metragem de José Leitão de Barros, de 1942 – reúne ficção e documentário para retratar os hábitos culturais da comunidade piscatória da cidade. Baseado na obra “O Poveiro” de António dos Santos Graça, o argumento foi construído pelo dramaturgo Alfredo Cortez. 

“O Conto de duas cidades” – filme documental realizado por Steve Harrison e Morag Brennan – retrata uma cidade marcada pela presença de uma comunidade piscatória em paralelo com o surgimento de uma vaga de visitantes e turistas que, nos anos 1950 e 1960, reconhece na Póvoa de Varzim um destino balnear e de veraneio. O documentário resulta de uma fotografia tirada por Agnès Varda nos anos 50. Na fotografia, uma jovem mulher, descalça, passa em frente a uma fábrica e atrás dela está um cartaz com Sophia Loren. A foto despertou a curiosidade do casal britânico levando-os a viajar para a Póvoa para saber mais sobre a mulher, Maria do Alívio. "O Conto de duas Cidades" foi apresentado no aclamado festival de curtas-metragens de Vila do Conde em 2017. Um livro inspirado no documentário será lançado em 2019. 
 

Literatura & outros campos criativos

Outros domínios da criatividade da Rede de Cidades Criativas da UNESCO, com exploração emergente na sua relação com a cultura poveira, em especial com a escrita, são o Design e o Artesanato. As Siglas Poveiras, representação simbólica da herança linguística da Póvoa, exercem forte apelo para o desenvolvimento contemporâneo de peças originais, como jóias e sinalética de rua. E esta exploração tem vindo a decorrer, seja institucionalmente (sinalética), comercialmente (joalheria) ou como exercício académico.

Em novembro de 2017, a Câmara Municipal da Póvoa de Varzim assinou o Protocolo de Fundador Patrono da Fundação de Serralves. O protocolo tem como objetivo formalizar o estatuto de Fundador Patrono e permite estreitar relações entre a Fundação de Serralves e a Câmara Municipal. A Póvoa de Varzim recebeu o estatuto como reconhecimento do contínuo apoio que presta à Fundação.

Este título permite realização de mais exposições, colóquios e divulgação do acervo de Serralves, promovendo-se assim mais um ponto de interesse e atratividade na cidade.

Desde a assinatura do protocolo, já passaram pela Póvoa de Varzim inúmeras exposições, tais como “Que sais-je? Livros e edições de artista”, organizada pelo Museu de Arte Contemporânea de Serralves. Nesta exposição foram apresentados mais de 30 livros e edições de artista, produzidos desde 1960 por 24 artistas. O nome da exposição remete à famosa enciclopédia francesa de 1941 na qual se abordam diversos temas e áreas do conhecimento.
Também o evento “Serralves em Festa” recebeu exposições realizadas por artistas poveiros, nomeadamente, a instalação audiovisual “MAR” de Helder Luís em 2018.

No campo criativo das Media Arts, ou ainda do Cinema, registre-se o projeto de residências artísticas do Mestrado de Comunicação Audiovisual da Escola Superior de Media Artes e Design (ESMAD) do Politécnico do Porto, que desenvolveu trabalhos fotográficos e cinematográficos com base na história, paisagem, cultura e população poveira. Na medida do fortalecimento da cadeia produtiva do livro, criam-se boas oportunidades para o design, no transversalidade entre ilustração e edição. 

A Gastronomia, por sua vez, segue um caminho próprio. Seja de valorização e promoção local – a Confraria dos Sabores Poveiros promove, desde 2011, a gastronomia local e, desde 2017, realiza-se uma mostra dos sabores da terra e do mar – seja como representação da cultura poveira em contexto internacional, algumas vezes em eventos literários.
 
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